O Apóstolo do Senso Comum – Uma Introdução ao Apóstolo do Senso Comum, por Dale Ahlquist

 “A coisa mais perigosa do mundo é estar vivo; […] Mas qualquer um que se eximir disso é um traidor do grande plano e experiência do existir”

— O Que Há de Certo com o Mundo

Um estudioso o chamou de “um dos mais profundos pensadores que já existiu.”[1] Um papa o chamou de defensor da fé.[2] Um de seus maiores oponentes disse que o mundo não é grato o suficiente a ele.[3] Ele foi reconhecido em todos os lugares em que foi e foi amado por todos que o conheceram. Ele foi um mestre da escrita, um poeta, um filósofo, um crítico literário, um debatedor, um jornalista e um campeão da justiça social. E pelo o que ele é mais lembrado? Por suas histórias de detetive.

Vamos começar por algo resumido: G. K. Chesterton foi o maior escritor do século XX. Ele disse algo sobre tudo, e disse melhor que qualquer outro. Ele foi incrivelmente prolífico. E incrivelmente profundo. Sua prosa foi poética, e, não como grande parte da poesia moderna, sua poesia também foi poética. Ele era intuitivo, incisivo, e além disso, ele foi engraçado. Lê-lo é se divertir junto com ele.

Mas quase ninguém mais o lê. Ele foi um dos maiores injustiçados e negligenciados escritores do nosso tempo, e nós o negligenciamos por nossa própria culpa.

Chesterton não é ensinado nas escolas, mas os estudantes não deveriam se considerar educados até que o tivessem lido. Além disso, ler Chesterton é quase uma educação completa por si mesma. Ele abarcou todos os assuntos. Arte e literatura. História e filosofia. Economia e reforma social. Religião e política.

Por que Chesterton é negligenciado? Porque o mundo moderna pensa ser muito mais conveniente ignorá-lo do que correr o risco de argumentar com ele, porque argumentar contra Chesterton é perder. Chesterton argumentou eloquentemente contra o materialismo e o cientificismo determinista, contra o relativismo, agnosticismo, ateísmo, e outras filosofias doentias que têm infectado os corredores das faculdades por mais de um século. Ele também argumentou tanto contra o socialismo e capitalismo e mostrou o porquê de ambos serem inimigos da liberdade e da justiça na sociedade moderna.

E pelo quê ele argumentou? O que ele defendeu? Ele defendeu o homem ordinário. Ele defendeu a família. E ele defendeu a fé católica. Talvez seja por isso que ele foi negligenciado. O mundo moderno prefere escritores que desculpam o pecado, que escarnecem da Cristandade, que negam a dignidade do pobre, e que pensam que liberdade significa ausência de responsabilidade.

Em 1905, um famoso jornal de Londres, o Illustrated London News, designou Chesterton para uma coluna semanal. Foi dito que ele poderia escrever sobre tudo o que quisesse — exceto religião e política. Chesterton respondeu dizendo que não havia mais nada sobre o que valesse a pena escrever. Assim como mais tarde ele observou,

Liberdade religiosa talvez devesse significar que todos são livres para discutir religião. Na prática significa que dificilmente a qualquer um seja permitido mencioná-la.[4]

Chesterton foi à frente e escreveu na coluna pelos próximos trinta anos, e toda semana ele escrevia sobre religião e política. Ele nunca fugiu de uma controvérsia, mas se você pensar sobre isso, verá que cada controvérsia, cada argumento, cada discussão é sempre sobre religião ou política. Ou ambos. Religião tem a ver com nosso relacionamento com Deus. Política tem a ver com nosso relacionamento com nosso vizinho. Eles são controversos pelos simples motivo que de que todos os problemas no mundo vêm da falha de obedecer dois grandes mandamentos: amar a Deus e amar nosso vizinho.

A Bíblia nos diz para amar nossos vizinhos, e também diz para amar nossos inimigos; provavelmente porque geralmente eles são a mesma pessoa.[5]

Chesterton foi controverso, e ainda é, porque ele tomou o desafio de defender simplesmente, verdades básicas. As Primeiras Coisas. As Coisas Permanentes. A despeito do que os jornais dizem, a despeito do que as faculdades ensinam, e a despeito das leis que os políticos fazem, a maioria das pessoas ainda conservam as verdades básicas. Chesterton disse que as coisas comuns não são banais; elas “são terríveis e surpreendentes, como a morte, por exemplo, e o primeiro amor”.[6] As coisas comuns são a base do senso comum. Chesterton chamou o senso comum de “ramo extinto da psicologia”.[7] No mundo moderno, o senso comum e o homem comum estão sob constante ataque.

A emancipação moderna tem sido realmente uma perseguição ao Homem Comum. Se ela emancipou alguém, de maneira bem estreita emancipou o Homem Incomum. Tem dado um excêntrico tipo de liberdade a alguns hobbies dos ricos e a maluquices dos que chamam a si mesmos de educados. A única coisa que é proibida é o senso comum, como teria sido entendido pelas pessoas comuns.[8]

Neste livro nós vamos dar uma olhada na mensagem de Chesterton ao mundo moderno e veremos o porquê ele pode ser chamado de O Apóstolo do Senso Comum. Mas primeiro, vamos aprender um pouco mais sobre o homem mesmo. Gilbert Keith Chesterton nasceu na Inglaterra em 1874 e morreu em 1936. Ele nunca foi à faculdade; ele foi para a escola de artes. Em 1900, ele foi chamado a contribuir em uma pequena revista com artigos sobre crítica de arte, e ele então se tornou um dos mais prolíficos escritores de todo o tempo. Ele publicou cerca de quinze milhões de palavras; Ele escreveu uma centena de livros, contribuiu em mais de duzentos, centenas de poemas e pequenas histórias, incluindo, é claro, uma popular série de histórias estreando o padre-detetive Padre Brown. Apesar de ele ter escrito em quase todos os gênero literários, ele considerava a si mesmo principalmente um jornalista. Ele escreveu mais de quatro mil ensaios para vários jornais de Londres. E ele editou seu próprio jornal, G. K.’s Weekly, em seus últimos onze anos de vida. Ele foi um conferencista e debatedor popular em seu tempo, debatendo com seus contemporâneos como George Bernard Shaw, H. G. Wells, Bertrand Russel, e Clarence Darrow. Ele viajou por diversos países da Europa e duas vezes esteve nos Estado Unidos em jornadas de palestras.

G. K. Chesterton foi um gigante. Em todos os sentidos. Uma mente enorme em um enorme corpo. Ele estava a seis pés e quatro polegadas do chão(1 metro e 93 centímetros),e ele pesava trezentas libras (136 quilos). seu peso foi assunto de muitas piadas, a maioria contada por ele mesmo. Por exemplo, ele disse que era uma das pessoas mais educadas da Inglaterra. Afinal, ele poderia se levantar e oferecer seu lugar para três senhoritas em um ônibus.

Certamente ele foi reconhecido onde quer que fosse. Uma jovem mulher disse a ele, “Todo mundo parece te conhecer, Sr. Chesterton.” Para o qual ele suspirou, “Se não conhecem, perguntam.”

Não é difícil de entender o porquê todos o reconheciam. Para mantê-lo um pouco arrumado, sua esposa o vestiu em uma enorme capa e um chapéu de abas largas. O gigante caminhou pela rua, apertando os olhos através de pequenos óculos apertados no nariz, soltando risadas através de bigode e de uma nuvem de fumaça. Ele também carregava uma espada. Sim, a espada era real, mas ele nunca soube como usá-la, exceto para golpear travesseiros em seu escritório enquanto ele ditava um ensaio ou o capítulo de um livro. Em sua juventude ele também carregou uma arma. Ele também nunca soube onde usá-la. Exceto, ele afirmou, quando escutasse alguém dizendo que vida não valesse a pena ser vivida. Então ele tiraria a arma e se ofereceria para atirar na pessoa, “e com os mais satisfatórios resultados”.[9]

Uma seleção de suas citações demonstra sua alegria e maravilhamento com a vida.

A aventura suprema é ter nascido. [10]

A Existência continua sendo uma coisa estranha para mim; e como um estranho eu lhe dou boas vindas.[11]

Nós deveríamos sempre pensar que a maravilha é uma coisa permanente, e não uma mera exceção. Nós deveríamos sempre nos assustamos com o sol, e não com o eclipse. Nós deveríamos nos maravilharmos menos com o terremoto, e nos maravilharmos mais com a terra.[12]

O teste de toda a felicidade é a gratidão.[13]

O agradecimento é a mais alta forma de pensamento.[14]

Você diz graças antes das refeições. Tudo bem.

Mas eu digo graças antes de uma peça e antes da opera,

E graças antes do concerto e pantomima,

E graças antes de abrir um livro,

E graças antes de rabiscar, pintar

Nadar, esgrimar, caminhar, brincar, dançar;

E graças antes de mergulhar a caneta na tinta.[15]

Chesterton foi um pensador maravilhosamente claro, mas ele geralmente não tinha ideia de onde seu próximo compromisso seria. Ele escreveu muito em estações de trem, e geralmente em trens que ele deveria pegar. Certa vez ele chamou um táxi para levá-lo a um endereço que estava do outro lado da rua. E certa vez ele enviou um telegrama a sua esposa que dizia, “Eu estou no Market Harborough. Onde eu deveria estar?”

Sua distração pode ter sido lendária, mas sua concentração talvez tenha sido ainda mais. Ele podia escrever escrever um ensaio à mão, enquanto ao mesmo tempo ditava um ensaio diferente a sua secretária.

Este elfo distraído, que enchia toda uma sala quando entrava nela, que ria de suas próprias piadas e que divertia crianças em festas de aniversário pegando pães com a boca, este homem que escreveu um livro que levou um jovem ateu chamado C. S. Lewis a se tornar Cristão.[16] Este foi o homem que escreveu um romance que inspirou Michael Collins a liderar um movimento pela independência Irlandesa. Este foi o homem que escreveu um ensaio no Illustrated London News que inspirou Mohandas Gandhi a liderar um movimento que deu fim às leis britânicas coloniais na Índia.[17] Este foi o homem que escreveu um livro sobre Charles Dickens que é largamente considerado o melhor livro jamais escrito sobre esse grande autor.[18] 

Quando Chesterton explodiu na cena literária, ele impressionou leitores e críticos com seu brilhante humor, seu incomparável estilo, e seu uso hábil uso dos paradoxos.

Um cidadão dificilmente pode distinguir entre um imposto e uma multa, exceto pelo fato de que a multa é geralmente muito mais leve.[19]

Os homens não diferenciam muito das coisas que eles chamam de males; mas eles diferem enormemente de males que eles chamam de desculpáveis.[20]

Uma nova filosofia geralmente significa na prática o louvor de algum antigo vício. [21]

Nem sempre é errado ir à beira do promontório mais baixo e menosprezar o inferno. É quando você olha para o inferno que provavelmente foi feito um erro de cálculo sério.[22]

Quando joga fora o sobrenatural, o que sobra é somente o anti-natural. [23]

Os críticos se divertiram com seus epigramas e paradoxos. E pensaram que ele estava defendendo a fé Cristã, mas assumiram que ele estava fazendo isso meramente para chocar. Mas quando eles descobriram que ele estava defendendo a fé porque ele realmente acreditava e não apenas por seu valor de polêmica, eles ficaram, bem, chocados.

Em 1922, eles ficaram chocados ainda mais, contudo, quando G. K. Chesterton se juntou à Igreja Católica Romana. Que aquele grande homem das letras abraçasse a antiga Igreja de Roma era um tipo de escândalo no mundo literário e no establishment intelectual. Eles pensaram que Chesterton se tornaria limitado, quando de fato, ele se tornaria universal. O que para eles era um completo enigma, para Chesterton mesmo era a peça final de um quebra-cabeças, a conclusão de um pensador completo.

Não se pode enfatizar o suficiente como Chesterton foi um pensador completo. Por isso ele é um desafio para o mundo moderno. Nós temos preferido pensamento incompletos. Nós queremos coisas em pedaços. Desse modo assim nós não temos que pensar sobre nossas contradições. Dessa forma, não não nos importamos quando nosso empregos contradizem nossos ideais, ou quando nossa política contradiz nossa fé, porque nós mantemos cada coisa em sua própria caixa. Mas Chesterton foi completamente consistente. Ele foi consistente porque sua fé abarcou tudo. Ele escreveu sobre tudo, e tudo o que ele escreveu estava imbuído de sua fé.

Você não pode se evadir do problema de Deus, mesmo se você falar sobre porcos ou sobre a teoria binomial, você ainda estará falando sobre Ele. Mas se o Cristianismo for… um fragmento de uma metafísica sem sentido inventada por umas poucas pessoas, então, é claro, defendê-lo seria simplesmente falar sobre esta metafísica sem sentido mais e mais. Mas se acontecer do Cristianismo ser verdadeiro — então defendê-lo será falar sobre algo ou tudo. Coisas podem ser irrelevantes se a proposição do Cristianismo for falsa, mas nada pode ser irrelevante se a proposição do Cristianismo for verdadeira.[24]

O fato de Chesterton ter escrito para uma ampla audiência secular e sempre ter defendido uma perspectiva Cristã é obviamente notável e inédito na mídia de hoje. Embora uma coisa seja dizer que devemos ler Chesterton porque ele era importante, é ainda melhor poder dizer que podemos ler Chesterton porque ele ainda é novo e acessível. Seus artigos de jornal não são apenas curiosidade histórica. Eles são pertinentes hoje assim como quando ele escreveu três gerações atrás. E enquanto muito de seus livros livros nunca terem sido impressos, muitos deles estão sendo de volta  por conta do crescimento de interesse daqueles que redescobriram esse autor que não é mais ensinado nas escolas.

Mas antes de ler Chesterton, esteja avisado. Ele não escreve como nenhum outro escritor. Você deve jogar fora pela janela a maior parte de suas expectativas e lê-lo em seus próprios temos. Ele fará você pensar. Ele irá emocionar você. Ele pode te frustrar, e ele talvez possa testar a sua paciência. Haverá muitas vezes em que ele parecerá estar flutuando no ar, indo de lugar nenhum a todos os lugares ao mesmo tempo, e então, como uma falcão, ele irá chegar a uma conclusão que assustará você. Você irá entender que tudo o que ele disse não foi irrelevante.

A coisa mais surpreendente sobre ele é que não há nada de peculiar ou bizarro ou exótico sobre suas ideias. Você irá descobrir que ele expressa os seus próprios pensamento melhor do que você seria capaz de expressá-los. Isso por que ele representa  o senso comum. A única coisa surpreendente sobre o senso comum é como ele se tornou incomum.

O ato de defender qualquer virtude cardeal tem hoje toda a satisfação de um vício.[25]

O certo é certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é errado mesmo que todos estejam errados.[26]

Chesterton afirmou que ele estava nada mais do que proferindo simples verdades, mas que elas soavam originais e surpreendentes e paradoxais porque o mundo esperava algo diferente da verdade. O mundo está com as coisas invertidas. Mas ele também disse algumas vezes verdades que são surpresas, porque é a única forma que temos para reconhecê-las e apreciá-las.

Mais de um observador descreveu que este jornalista de 300 libras e fumador de charuto como um místico. Bem, Chesterton disse que há um conexão entre o misticismo e o senso comum. Amos apontam para realidades que nós sabemos serem reais mesmo que não possamos prová-las. Ele também disse que o misticismo é apenas uma forma transcendente do senso comum. E que o homem ordinário tem sido sempre um místico.

Alguns também chamaram Chesterton de contemplativo. Chesterton olhou tudo profundamente. Ele sempre tentou encontrar o universal. Ele certamente não poderia ter defendido a fé tão bem a menos que ele tivesse entendido-a intimamente. E felizmente para nós, já que ele escreveu muito, temos o privilégio de olharmos para seus pensamentos. Nós também temos a vantagem de sua visão elevar a nossa própria. Talvez só apenas uma pessoa contemplativa poderia ter dito que se você olhar uma coisa 999 vezes, você estará perfeitamente seguro, mas se você olhar pela milésima vez, você corre o sério risco de estar vendo-a pela primeira vez.[27]

E quanto mais você lê Chesterton, mais você percebe que você mesmo está correndo um sério risco de estar vendo as coisas pela primeira vez.


[1] Étienne Gilson, renomado estudioso Tomista, citado em Maisie Ward, Gilbert Keith Chesterton (New York: Sheed and Ward, 1942), 620.

[2] Papa Pio XI, após a morte de Chesterton em 1936, citado em Ward, Chesterton, 652. Ironicamente, os jornais britânicos não imprimiram a homenagem porque o título “defensor da fé” havia sido concedido a Henrique VIII pelo Papa Leão X

[3] George Bernard Shaw, em uma análise do livro Irish Impressions de Chesterton, reeditado em D.J. Conlon, ed., G. K. Chesterton: The Critical Judgments (1900—1937) (Antwerp: Antwerp Studies in English Literature, 1976), 363

[4] Autobiography, invol. 16 of The Collected Works of G. K. Chesterton (San Francisco: Ignatius Press, 1987), 225. (Citações futuras da Collected Works serão abreviadas por CW, seguido pelo número do volume: número da página.)

[5] Illustrated London News (hereafter ILN), July 16, 1910, CW 28:563

[6] Charles Dickens, CW 15:179

[7] Sidelights, CW 21:507

[8] The Common Man (New York: Sheed and Ward, 1950), 1

[9]  ILN, March 17, 1906, CW 27:144

[10] Heretics, CW 1:143

[11] Autobiography, CW 16:329

[12] ILN, October 21, 1905, CW 27:41

[13] Orthodoxy, CW 1:258

[14] A Short History of England, CW 20:463

[15] Ward, Chesterton, 61

[16] O livro foi O Homem Eterno. Veja em C. S. Lewis, Surprised by Joy (New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1955), 190-91

[17] The column appeared in the Illustrated London News, October 2, 1909. The account is described in Alzina Stone Dale, The Outline of Sanity: A Life of G. K. Chesterton (Grand Rapids, Mich.: Eerdmanns, 1982), 137-38

[18] Entre os que são dessa essa opinião estavam T. S. Eliot, William James, Theodore Roosevelt, Andre Maurois, George Bernard Shaw e o biógrafo de Dickens Peter Ackroyd..

[19] ILN, May 23, 1931, CW 35:524.

[20] ILN, October 23, 1909, CW 28:413

[21] ILN, January 6, 1906, CW 27:98

[22] Alarms and Discursions (New York: Dodd Mead, 1911), 29

[23] Heretics, CW 1:88

[24] Daily News, December 12, 1903

[25] The Defendant (New York: Dodd Mead, 1904), 97

[26] ILN, May 11, 1907, CW 27:463

[27] The Napoleon of Notting Hill, CW 6:227.

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